Um terror psicológico denso e simbólico, O Babadook explora o luto e a maternidade com uma profundidade rara no gênero.
Muitos espectadores se deparam com dúvidas ao buscar uma crítica O Babadook que vá além do susto e revele os significados ocultos por trás do monstro.
Aqui você encontra uma análise clara e direta, destacando como o filme transforma dor emocional em horror visceral e inesquecível.
Ficha Técnica
Gênero: Terror, Psicológico, Drama
Ano: 2014
Nota Imdb: 6,8/10
Onde Assistir: HBO Max / Prime Video / Apple TV
Duração: 93 min
Amelia (Essie Davis) é uma mãe viúva que tenta criar o filho Samuel (Noah Wiseman) sozinha, enquanto luta contra a dor pela morte do marido — morto em um acidente no mesmo dia em que o menino nasceu.
O peso do luto nunca superado e a exaustão da maternidade transformam o cotidiano em um terreno fértil para o medo.
Quando um livro infantil misterioso, intitulado “Mister Babadook”, surge na casa, a fronteira entre realidade e alucinação se dissolve.
O que começa como uma história assustadora de um monstro do armário se torna uma descida angustiante ao interior da mente de uma mulher à beira do colapso.
Jennifer Kent transforma o terror doméstico em alegoria. O Babadook é tanto uma criatura quanto um símbolo: o monstro que encarna a dor reprimida, o trauma não enfrentado, o medo que se alimenta do silêncio.
A casa escura, quase monocromática, reflete o estado emocional da protagonista — cada sombra é uma lembrança, cada ruído, um sinal de cansaço acumulado.
A diretora filma o confinamento de forma quase claustrofóbica, e o design de som potencializa a sensação de aprisionamento. É um terror que se constrói pelo incômodo, não pelos sustos fáceis.
Essie Davis entrega uma das atuações mais intensas do cinema recente. Sua Amélia oscila entre a doçura e a insanidade com uma verdade desconcertante.
Noah Wiseman, como Samuel, é igualmente notável — ao mesmo tempo irritante e comovente, um retrato cru da infância marcada pelo medo e pela carência. Juntos, eles compõem uma relação desgastada, dolorosamente real, onde o amor materno convive com a exaustão e o ressentimento.
“O Babadook” é também um comentário sobre o papel social da mulher e da mãe. Kent recusa o estereótipo da mãe santa ou da vítima e mostra o peso invisível da carga emocional feminina.
A casa, tradicionalmente o espaço do acolhimento, aqui se torna o cativeiro das expectativas. O medo não é de fantasmas, mas de si mesma — e de admitir sentimentos que a sociedade considera inaceitáveis.
A grande virada do filme é o reconhecimento de que o monstro nunca desaparece; ele apenas precisa ser mantido sob controle. Aceitar o Babadook é aceitar a própria dor — alimentá-lo de vez em quando é o preço da sanidade.
O final, ambíguo e simbólico, é o que faz o filme permanecer. Não há exorcismo nem fuga, apenas convivência com o que antes se temia.
O Babadook, agora guardado no porão, continua existindo — como o luto, como a tristeza — lembrando que o medo não se destrói, apenas se reconhece. É essa maturidade emocional que eleva o longa acima dos clichês do gênero.
Jennifer Kent entrega uma obra inquietante, profundamente humana e, por isso mesmo, verdadeiramente assustadora.
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Perguntas Frequentes
O filme O Babadook é bom?
Sim, O Babadook é amplamente considerado um dos melhores filmes de terror psicológico da década de 2010. A direção de Jennifer Kent, o roteiro simbólico e a atuação intensa de Essie Davis transformam o filme em uma experiência poderosa e emocional. Ele foge dos clichês do gênero, usando o terror como metáfora para o luto, a depressão e a maternidade, o que o torna profundo e perturbador ao mesmo tempo.
Qual a mensagem principal do filme?
A principal mensagem é que o sofrimento não desaparece quando ignorado. Para curar-se, é preciso aceitar a dor e aprender a viver com ela — o que se reflete no final, quando Amélia “alimenta” o Babadook no porão, em vez de destruí-lo.
O que significa babadook em português?
“Babadook” não tem tradução literal — é o nome do monstro que dá título ao filme. A palavra é uma invenção da diretora Jennifer Kent, criada a partir de um jogo de sons infantis. Curiosamente, ela forma um anagrama de “a bad book”, que em inglês significa “um livro mau”, uma referência direta ao livro infantil amaldiçoado que dá origem ao terror.
Qual a origem do filme O Babadook?
O filme é uma produção australiana, lançada em 2014, escrita e dirigida por Jennifer Kent. Ele nasceu de um curta-metragem anterior da diretora chamado Monster (2005), que explorava a mesma ideia de um monstro simbólico ligado ao medo e ao trauma. A produção foi independente e conquistou reconhecimento mundial por sua abordagem psicológica e feminista dentro do gênero de terror.
Qual é o filme de terror mais assustador?
A resposta varia conforme o público, mas O Babadook frequentemente aparece entre os melhores e mais perturbadores terrores psicológicos já feitos. No entanto, outros títulos considerados mais assustadores no sentido tradicional incluem O Exorcista (1973), O Iluminado (1980), Hereditário (2018) e Invocação do Mal (2013). Cada um provoca medo de maneiras diferentes — O Babadook assusta pela profundidade emocional e simbólica, mais do que pelo choque visual.
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O que o Babadook simboliza no filme?
O Babadook representa o luto, a depressão e os medos reprimidos de Amélia. É a materialização da dor que ela nunca enfrentou após a morte do marido — um monstro interno que cresce quanto mais é negado.